A Prefeitura de Camaçari, por meio da Secretaria da Saúde (Sesau), após constante vigilância aos casos de esporotricose em humanos no município, emite nota à população esclarecendo o que é a enfermidade, as formas de contaminação, o tratamento, bem como, a maneira que população deve proceder, caso possua animais que apresentem sintomas da doença.
O alerta epidemiológico está sendo divulgado pelo Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) da Sesau, por meio da Coordenação de Vigilância Epidemiológica (Covepi). Segue nota abaixo.
Esporotricose é uma doença fúngica causada pelos fungos do gênero Sporothrix, que podem ser encontrados na terra, farpas de madeira, matéria orgânica em decomposição, jardins, praças públicas, espinhos ou na unha ou boca de felinos (gatos), dentre outras espécies. Pode ser transmitida através de traumas provocados pelos materiais supracitados, como perfurações, cortes ou arranhões ou por arranhadura e/ou mordedura dos gatos, tanto a humanos como a outras espécies de animais, como cães e equinos (cavalos). Apresenta-se em felinos mais comumente como lesões ulceradas na cabeça, patas e cauda, podendo afetar o focinho, orelhas, lábios, mucosa ocular, regiões interdigitais, dentre outras.
Seres humanos estão suscetíveis à infecção pelo Sporothrix, com o surgimento de lesões nodulares e/ou ulcerativas, ou até mesmo outras formas da doença, como a disseminada e mucosa. A medicação de eleição para o tratamento da doença em humanos é o Itraconazol em posologia devidamente indicada pelo médico. Nesse caso, considera-se caso suspeito de esporotricose humana qualquer pessoa que apresente lesão ou múltiplas lesões cutâneas em trajeto de vasos linfáticos, com histórico de manipulação com matéria orgânica ou manipulação de animal doente antes do aparecimento das lesões.
Em Camaçari, até a 16ª semana epidemiológica do ano de 2018, correspondente até o dia 18 de abril, foram notificados 24 casos de esporotricose em humanos, nove (37,5%) dos casos no bairro Parque das Mangabas, três casos no Parque Serra Verde, dois casos no Mangueiral e Gleba A, e um caso nos bairros Natal, Cetrel, 46, Verde Horizonte, Nova Vitória, Gravatá, Camaçari de Dentro e Parque Verde II.
Desses, destaca-se Parque das Mangabas com maior número de ocorrência, o que caracteriza um quadro de surto na região, uma vez que ultrapassa o número de casos notificados dos anos anteriores à COVEPI. A taxa de incidência da esporotricose no ano de 2018, pela população estimada do IBGE, foi 8,08 para cada 100 mil habitantes.
A Unidade de Saúde da Família (USF) que mais notificou casos foi a do Parque das Mangabas, que também notificou os três casos em Serra Verde. O número de pessoas infectadas pode ser superior ao registrado, e se deve a uma não procura por serviços de saúde pela população acometida, pela subnotificação em alguns serviços ou atraso na notificação, incluindo na rede particular de atendimento em saúde.
Diante desta situação epidemiológica no bairro Parque das Mangabas, alertamos que é imprescindível que todos os profissionais de saúde estejam atentos aos sinais e sintomas compatíveis com a esporotricose, para o início oportuno do tratamento da doença e sensíveis a notificação imediata à Vigilância Epidemiológica.
Ressalta-se que a notificação da esporotricose ainda não é obrigatória, mas deve ser imediata para oportunizar o tratamento, evitando assim sequelas mais graves e permanentes e favorecendo adoção de medidas educativas ligadas ao descarte de animais doentes ou manipulação dos mesmos – ações realizadas pela Coordenação de Vigilância Epidemiológica (COVEPI) e pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ).
RECOMENDAÇÕES ÀS UNIDADES DE SAÚDE
Notificar à COVEPI os casos suspeitos de Esporotricose; realizar educação em saúde para prevenção e controle da Esporotricose no território; acolhimento dos pacientes suspeitos de Esporotricose nas unidades de saúde, sensibilizá-los a estimular pessoas com sintomas semelhantes a procurarem o atendimento médico; assegurar o monitoramento dos pacientes notificados através de busca ativa nas áreas adscritas às unidades da Atenção Básica; realizar tratamento dos pacientes com complicações decorrentes da Esporotricose; em casos de dúvida, referenciar os pacientes para a Policlínica do Centro, ao dermatologista, notificando à COVEPI, inclusive com dados completes, tais como nome da mãe, data de nascimento, nome do paciente, endereço, telefone para
contato, número do cartão do SUS, e ocupação do mesmo; notificar à COVEPI a cura e alta dos pacientes, quando da cicatrização das lesões e encerramento do caso, inclusive com relatório sucinto quanto ao vínculo zoonótico e localização das lesões, medicação e dose prescritas.
Todos os pacientes que apresentem sintomas deverão ser orientados quanto aos sinais de alerta, prevenção da doença e necessidade de retornar ao serviço de saúde para uma avaliação após a alta, em caso de sequelas. Todos os casos suspeitos de esporotricose animal deverão ser notificados ao CCZ de Camaçari para realização da investigação através da busca ativa dos animais com suspeita clínica da doença. Enquanto os casos suspeitos de esporotricose humana deverão ser notificados a Covepi.
SINAIS CLÍNICOS DA ESPOROTRICOSE EM ANIMAIS
A esporotricose é uma micose subcutânea com sintomatologia variável. Os sinais clínicos mais comuns em felinos são lesões ulceradas, geralmente com pus, com difícil cicatrização e com evolução rápida. Outros sinais, como emagrecimento, perda de apetite, apatia e secreção nasal também podem ocorrer. Embora seja menos frequente, o fungo Sporothrix spp também pode acometer caninos, geralmente após contato com felino infectado, provocando feridas no focinho, membros ou no corpo.
FORMAS DE TRANSMISSÃO
A forma clássica de transmissão do fungo Sporothrix spp é por meio do contato com o ambiente contaminado, a exemplo de solo, farpas ou espinhos de plantas. No entanto, animais infectados, pincipalmente felinos, também podem transmitir o fungo para seres humanos por meio de arranhões, mordidas e contato direto com a pele lesionada do animal.
DEFINIÇÃO DE CASO SUSPEITO
Todo animal (especialmente gatos) com lesão cutânea (localizada e/ou disseminada), sendo muito comum em áreas da face (focinho e orelhas). Inicialmente a lesão é sólida, circunscrita, avermelhada, levemente elevada, aumentando lentamente para se tornar um nódulo que, posteriormente, pode ulcerar.
RECOMENDAÇÕES
Para evitar a transmissão do fungo para seres humanos e outros animais e a disseminação no ambiente, recomenda-se que: todo animal suspeito de esporotricose seja encaminhado, o quanto antes, para atendimento veterinário, para que seja feito o diagnóstico precoce e o tratamento adequado; os animais doentes sejam manipulados apenas com luvas e posteriormente se lavem as mãos; o ambiente onde o animal vive seja higienizado, para auxiliar na redução dos fungos e prevenir novos casos; em situação de óbito, os animais afetados devem ser incinerados e não enterrados, para evitar que o fungo se espalhe no solo e acometa outros animais; o animal afetado seja separado em outro ambiente, para que possa receber os cuidados clínicos necessários, sem risco para outros animais que por ventura convivam no mesmo local; médicos Veterinários que atenderem e/ou diagnosticarem animais com esporotricose devem notificar ao CCZ por meio dos telefones 3634-5753/3634-5743 e cczcamacari@gmail.com; proprietário de animais com suspeita da doença deve buscar orientações no CCZ, por meio dos telefones 3634-5753/3634-5743.
É importante salientar que a esporotricose em animais é uma patologia passível de diagnóstico e tratamento em clínicas veterinárias; por isso, se recomenda que não se abandone, maltrate ou sacrifique o animal com suspeita da doença.