Rede municipal ensina cultura indígena

Iwwa Agência
Publicado 17/04/2009 07:04:14

A partir do segundo semestre deste ano, os alunos da 5ª à 8ª séries do ensino fundamental vão conhecer um pouco mais sobre a cultura indígena.

A iniciativa atende à recomendação da lei 11.645/08 que amplia a lei 10.639/03. Esta última sugere a inserção da história da cultura africana e afro-brasileira no currículo escolar.

Os professores da rede municipal de ensino serão capacitados na nova temática este ano, através do programa Mojú (saber em Yorubá, língua falada por um dos maiores grupos étnico da África Ocidental), desenvolvido pela Secretaria da Educação (Seduc) em 2007, para implementar a lei 10.639/03 via projetos e ações.

Antes disso, no entanto, a cultura africana e afro-brasileira começou a ser trabalhada em Camaçari através da parceria entre a Prefeitura e a TV Futura (Rede Globo), que implantou o projeto A cor da cultura, no ano de 2005.

Em dois anos, professores de 57 escolas foram capacitados para trabalhar o tema nas aulas de português, história e artes.

A expectativa da Seduc é de que a inserção da temática da cultura indígena no currículo escolar seja tão bem sucedida quanto foi com a cultura africana e afro-brasileira.

A previsão é de que as capacitações para o ano letivo de 2009 iniciem no próximo mês. Como o processo de transmissão de conhecimento é dinâmico, tão logo o professor passe pelo treinamento, o conhecimento adquirido será repassado para o aluno na sala de aula.

Na avaliação do coordenador do programa Mojú, Juipurema Sandes, antes, as ações relacionadas à cultura afro eram assistemáticas e, muitas vezes, o tema era tratado de forma folclórica e não com o foco no aspecto cultural.

Segundo o professor Sandes, “é preciso entender a cultura como algo dinâmico ao invés de ‘coisificar’, congelando determinados aspectos para apresentá-los em forma de folclore”.

Juipurema Sandes garante que a partir da capacitação, a postura mudou e os docentes passaram a focar mais o cultural, fugindo do estereótipo. “Hoje o foco visa o aprendizado dentro do projeto pedagógico e entende o ensino da cultura africana como um viés de conhecimento”.

RESULTADOS
Desde que foi implantado, o programa Mojú capacitou 150 professores da rede municipal de ensino através do curso de formação continuada dos professores que tem duração de 120 horas e discuti as formas de tratar a cultura africana e afro-brasileira, acrescida, este ano, da cultura indígena, no ambiente escolar.

Dentre as ações desenvolvidas a partir do projeto, está o trabalho de sensibilização dos conselhos escolares e gestores das unidades de ensino para aprender a lidar com situação de preconceito racial na escola e o estímulo ao trabalho com datas comemorativas alusivas ao tema.

Datas como o 21 de março (Dia Internacional de Luta Contra o Preconceito Racial), 13 de maio (Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo) e 20 de novembro (Dia Nacional da Consciência Negra), são lembradas de forma a marcar o calendário escolar.

No ano passado, o Centro Educacional Maria Quitéria, situado no bairro do Ponto Certo, mostrou bons resultados. Na unidade de ensino, foi realizado um trabalho interdisciplinar que envolveu os professores de história, língua portuguesa, inglês, artes, geografia, filosofia, ciências e educação física.

A experiência culminou com o projeto Erê (criança em Yorubá), que promoveu uma mostra com o tema, Identificando posturas racistas e preconceituosas relacionadas à cultura afro-brasileira.

O trabalho foi tão bem sucedido que, segundo Antonieta Paranhos, professora de história e filosofia que participou do programa, os alunos apresentaram mudanças significativas no que se refere ao respeito às diferenças, e em relação ao interesse pelo assunto.

“Os alunos conheciam uma África pobre, cheia de miséria e doença e, quando se deparam com a história das civilizações antigas e passam a tomar conhecimento de uma África rica, eles começam a questionar como ocorreu a transformação”, lembra a professora.

O Moju também melhora a relação interpessoal e a auto-estima dos alunos melhoram bastante, a partir do momento que descobrem a capacidade do africano e do afro-brasileiro ao conhecerem, através das pesquisas, personalidades negras importantes no Brasil e no mundo.

O professor de artes, Evandro Nery, também percebeu as mudanças comportamentais dos estudantes. “Hoje não vemos mais os alunos depreciando os colegas com comentários e xingamentos racistas. Eles estão mais conscientes em relação ao racismo”.

Foto: Carol Garcia

Aulas derrubam preconceitos e reforçam a auto-estima -

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