Um dia marcado por histórias inspiradoras e de superação, assim foi a manhã desta quinta-feira (11/05), no foyer da Casa do Trabalho, quando mulheres contempladas com o curso de Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis, resultado da parceria entre a Prefeitura de Camaçari, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (Sedec), a Ford e o projeto Axé, falaram sobre a trajetória de vida e o que mudou após o curso, num bate-papo mediado pela cantora Negra Li.
Com uma biografia inspiradora, Glim Lopes, 34 anos, desde cedo demonstrava que teria um futuro promissor. Filha de mãe solteira e a mais velha de seis irmãos, desde os 11 anos precisou trabalhar e guardou no coração o sonho de ser uma costureira e ter a própria marca de roupas. O que ela não esperava era que graças ao curso, a sua vida ia mudar.
“Tudo começou com o curso de modelagem que fiz por meio da Sedec, pois não tinha condições de pagar. Em seguida, veio o curso em parceria com a Ford e me capacitei ainda mais. Hoje tenho meu ateliê e a minha marca, a Morena Flor”, declara. Glim acrescentou que “a costura é o meu norte, a minha bússola. Graças a ela, sustento sozinha os meus três filhos. Trabalhar é bom, e fazendo o que amo é perfeito”, finaliza emocionada.
O coordenador de arte-educação do projeto Axé, Marcos Cândido, lembra que tudo gira em torno das mochilas ecossustentáveis doadas para milhares de jovens da rede pública de ensino de Camaçari, produzidas a partir de fardas usadas. “O material passa pela descostura, desenvolvimento e criação da estampa e da mochila e processo de modelagem, corte e costura, e em todas as etapas são geradas oportunidades para jovens e mulheres que são capacitados”, conclui.
Destacando o resultado do projeto, o secretário do Desenvolvimento Econômico, Sérgio Vilalva, deu boas vindas aos presentes, entre eles, jornalistas e blogueiros. “Esperamos que essa parceria se fortaleça, mas desejamos muito mais, queremos que assim como a Ford, as empresas instaladas no município se sintam parte da cidade e compreendam a importância de investimentos sociais como esse”, finalizou ao lembrar que a secretaria está de portas abertas.
Muito emocionada, a instrutora Maria Rosa Teles, 68 anos, falou das dificuldades que passou para chegar até aqui e se tornar professora de corte, costura e modelagem. “Mais do que aprender a costurar, essas mulheres aprendem a se amar, a investir em si, através do conhecimento, da qualificação. Sinto-me feliz por ter contribuído para que elas hoje tenham histórias de sucesso e superação para contar”, conclui.
A gerente de Relações Corporativas da Ford, Adriane Rocha, explica que esse é um momento de mostrar os resultados dessa parceria que gerou bons frutos, e mostra que valeu a pena todo esforço e dedicação de cada um dos envolvidos. Ela lembra ainda que essa é uma cadeia contínua de conhecimento e de geração de multiplicadores. “Os jovens capacitados realizam intercâmbio com alunos da rede pública, compartilhando saberes e, acima de tudo, servindo de estímulo e exemplo para que os estudantes continuem na busca pela qualificação”, esclarece.
O PROJETO
Transformar fardas industriais em mochilas escolares ecossustentáveis foi o que motivou a parceria entre a Ford e o Projeto Axé, em 2014. As fardas dos empregados, que antes eram incineradas, passaram a ser higienizadas e doadas para a ONG (Organização Não-Governamental).
Graças a parceria, em 2017, a Ford atingirá um saldo de 40 mil mochilas doadas, incluindo kits de lápis e caderno. A relação entre a Ford e o Projeto Axé foi ampliada com a criação do curso de Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis, que tem o apoio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico. A iniciativa tem o intuito de melhorar a vida de mulheres de baixa renda, moradoras de Camaçari e Salvador.
O curso de corte e costura, promovido pela Ford, em parceria com o Projeto Axé, já capacitou cerca de 100 mulheres desde 2014, que, na maioria, nunca tiveram contato com máquinas de costura, linha ou agulha e trazem consigo histórias de vida sofridas e momentos de superação. Algumas das mulheres já têm projetos em andamento e até protótipos de peças para produção em larga escala.
Essa cadeia produtiva não para por aí, o Projeto Axé viabiliza workshops sobre customização para estudantes em 10 escolas públicas de Camaçari. Nessa ação, monitores vão às escolas ensinar aos alunos como aproveitar roupas que não são mais usadas. Cada workshop de customização envolve cerca de 40 alunos, totalizando ao final 400 estudantes impactados pela iniciativa.
Muitas mulheres tiveram suas vidas transformadas após o projeto -
