Os moradores de Areias, na orla de Camaçari, têm opiniões divergentes sobre os impactos causados pela fábrica Millennium Inorganic Chemicals do Brasil S/A à comunidade e ao meio ambiente. Neste sábado (02/06), durante a audiência pública na Escola Municipal Tomás Camilo, a partir das 9h, o Ministério Público divulga estudo sobre a poluição da fábrica na localidade.
Esta é a terceira e última audiência pública, fruto de uma ação movida pela comunidade de Areias, em 2009, que pede a retirada da fábrica do local.
As opiniões sobre os males causados pelas atividades da Millennium são divergentes. De acordo com a dona de casa, Josivane dos Santos, 27 anos, os problemas de saúde causados à sua família são inúmeros. Segundo ela, os três filhos sofrem de doenças respiratórias. “Minha vida é levar as crianças ao médico, que comprovou que o problema dos meus filhos é causado pela poluição do ar”, completa Josiane Santos, moradora do local há cinco anos.
Na avaliação da professora Iguanara Silva, 44 anos, a empresa ajuda bastante à população local, com trabalhos sociais e com o recrutamento de mão de obra. “Não tenho o que me queixar das atividades da fábrica. Minha família é bastante beneficiada com as ações da Millennium, se ela sair daqui fará falta pra muita gente”, declarou a professora, residente no local há mais de três anos.
Morador há mais 30 anos de Areias, o comerciante Antônio Oliveira, 43 anos, acredita que a fumaça liberada pela fábrica já prejudicou bastante diversas plantações no quintal da casa onde mora. “Gosto de plantar hortaliças, frutas, flores, mas nada vinga aqui. O ar que a gente respira é prejudicial, tanto para a população quanto para o meio ambiente”, afirmou.
Caso fiquem comprovados os danos causados pela Millennium, o MP poderá entrar com uma Ação Civil Pública contra à fabrica, fazer um acordo com medidas compensatórias pelos estragos causados à população e ao meio ambiente, através de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta). Caso nada fique comprovado, o MP deve pedir o arquivamento do inquérito civil.
A Millennium está instalada em Camaçari há mais de 30 anos e é produtora de dióxido de titânio, matéria prima utilizada na produção de tintas. O estudo, que levou cerca de três anos para ser concluído, foi realizado pela Fundação José Silveira e teve a colaboração da CEAT (Central de Apoio Técnico) do MP.