A gravação envolvendo o ex-secretário de Assistência Social de Camaçari, José Carlos Silveira, apresentada pelo PTN como prova de abuso de poder econômico cometido pelo prefeito Luiz Carlos Caetano na eleição municipal do ano passado, não passa de uma montagem mal feita.
A conclusão consta no laudo do exame feito na mídia (CD), pelo Setor Técnico Científico (Setec) da Polícia Federal, confirmado pelo Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto do Departamento de Polícia Técnica da Secretaria de Segurança Pública (SSP) da Bahia.
Assinado pelos peritos criminais Leonardo Garcia Greco e Pompílio José Silva Araújo Júnior, o laudo da Polícia Federal, ilustrado com espectogramas, é conclusivo ao comprovar três cortes na gravação, ou seja, interrupções no sinal audível, inclusive com supressão da amplitude.
Os dois peritos afirmam ainda que os cortes podem ter sido provocados por uma manipulação do áudio, posterior ao processo de registro original do áudio, conforme consta no texto do documento da PF.
No início deste ano, mais de dois meses após as eleições municipais de outubro de 2008, quando Luiz Caetano foi reeleito com mais de 73% dos votos válidos, o PTN de Camaçari, presidido pelo candidato derrotado a vereador Maurício Bacelar, entrou com ação judicial, anexando como prova uma suposta gravação feita clandestinamente por por um tal Roberval da Fonseca Costa, na qual o ex-secretário estaria acertando a compra de votos.
No laudo produzido pela Polícia Federal, logo no início das considerações, os peritos garantem não ser original nem mesmo a mídia anexada ao processo movido pelo PTN na 171ª Zona Eleitoral, cuja juíza Marina Kummer de Andrade solicitou perícia à PF. Resumindo, está comprovada a fraude, com montagem grosseira na gravação.
CONFIRMAÇÃO
Também requerida pela juíza da 171ª Zona Eleitoral, a análise do Departamento de Polícia Técnica da SSP-BA desmascara de uma vez por todas com a farsa. O engenheiro eletrônico e perito criminal Antônio César Morant Braid assegura textualmente no laudo pericial que assina: O material não está gravado em seu suporte original e, independentemente desse fato, sofreu modificações em seu formato digital original, tendo sido alterada, também, a sua taxa de amostragem, modificada de 11KHz para 44,1KHz.
Logo no parágrafo seguinte, o perito do Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto destaca no laudo que os elementos técnicos são fartos em demonstrar que o material apresentado no processo não é original e que, também, não é uma simples cópia, mas um sinal de que sofreu diversas alterações, como na taxa de amostragem, na quantidade de canais e no formato digital.
Na conclusão, César Braid escreve que os cortes observados no sinal não foram provocados por falha no sistema de gravação, por acionamento da tecla pause ou stop do aparelho gravador durante a gravação em tempo real, mas são vestígios materiais de edição procedida no sinal de áudio.
O prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, ao tomar conhecimento do resultado dos laudos da Polícia Federal e da Secretaria de Segurança Pública da Bahia, disse que vai entrar com ação judicial contra o presidente municipal do PTN, Maurício Bacelar, principal responsável pela fraude, e também contra a rádio Líder, de alcance local, e a revista Veja, que deram exploração eleitoreira ao fato, sem nem sequer ouvi-lo sobre o caso, como manda o bom jornalismo.

Farsa tentou prejudicar imagem do prefeito Luiz Caetano -