Mulheres agredidas pelos maridos ou companheiros, com idades de 22 a 31 anos, que, muitas vezes, não denunciam o agressor com medo de represálias.
Esse é o perfil da maioria das 600 mulheres atendidas nos cinco primeiro meses de funcionamento do Centro de Referência de Atenção à Mulher (CRM) Yolanda Pires, em Camaçari.
H.S., 32 anos, mãe de dois filhos, traz no corpo frágil as marcas das agressões sofridas pelo marido. Ele tentou me matar com golpes de facão, relata. No centro, ela conta com o apoio psicológico e emocional de uma assistente social e uma psicóloga mais o suporte jurídico de duas advogadas.
Segundo a coordenadora do CRM, Cathilene Vieira, o maior número de casos envolve mulheres agredidas pelos maridos ou companheiros, que, normalmente sob efeito de álcool, utilizam a violência por ciúmes ou por não aceitarem a separação.
Ainda segundo a coordenadora, algumas vítimas procuram o Centro de Referência antes mesmo de dar queixa na Delegacia da Mulher (Deam). Precisamos encaminhá-las para fazer o boletim de ocorrência.
Dados da Prefeitura, responsável pela unidade, apontam que cerca de sete mulheres por dia procuram atendimento no CRM e os bairros onde ocorrem mais agressões são Nova Vitória, Verdes Horizontes e Phoc 2.
Estima-se que no país mais da metade das mulheres agredidas sofram caladas e não peçam ajuda. Muitas sentem vergonha ou dependem emocional ou financeiramente do agressor. Outras não falam nada por causa dos filhos ou porque têm medo de apanhar ainda mais.
De acordo com a advogada Eliane Maciel, que presta assistência jurídica no centro, a violência contra a mulher se caracteriza por qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico a elas.
Para Eliane Maciel, a Lei Maria da Penha, em vigor há três anos, é um dos instrumentos contra a violência, mas ainda é preciso que o Poder Judiciário implante no Município uma vara especializada em violência doméstica, para que os agressores sejam realmente punidos.
O Centro de Referência Yolanda Pires atende de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e promove palestras nas comunidades, escolas e igrejas.