Conhecida como antiga vila dos pescadores, e nos anos 1970, pela Aldeia Hippie, Arembepe, um dos Sete Paraísos de Camaçari, localizada a 42 quilômetros de Salvador, é um lugar amado pelas pessoas que nasceram e continuam morando na localidade.
Todos são unânimes em afirmar que não deixariam o lugar por nada, e só sairiam para o cemitério.
Um bom exemplo é o pescador, Leonídio Alves de Souza, de 76 anos. Nascido e criado na localidade, ele diz que na sua época só existiam três casas e as pessoas viviam da pesca. Antigamente era um por todos e todos por um, a união sempre foi uma coisa bonita em uma vila onde existia a cumplicidade e a amizade, lembra.
Arembepe significa um paraíso e não seria capaz de morar em outro lugar, garante Leonídio. O aposentado falou com saudade da festa, idealizada pelos pescadores que construíram a igreja, há 76 anos, em homenagem a São Francisco de Assis, protetor das pessoas que sobrevivem do mar. Era muito bom quando todo mundo saía com a imagem do santo e depois dançava agarradinho.
A tradicional Festa de Arembepe evoluiu e acompanhou o surgimento dos trio-elétricos e das grandes bandas. No entanto, ainda há espaço para a dança a dois no Baile dos Coroas que todo ano encerra o evento.
Nascida há 70 anos e apaixonada pela localidade, a baiana de acarajé, Edvirgem Souza de Oliveira, mais conhecida como Safia, durante 30 anos ajudou o marido e os cinco filhos fazendo os quitutes, na praça da Amendoeira. Ela conta que passou muita dificuldade, pela falta de estrutura, e o único meio de transporte era a canoa do pai, ou um burro, que ia até Areias para fazer compras.
Depois de muito sofrimento, a baiana agradece as mudanças como o transporte, as ruas asfaltadas e o crescimento do comércio local. Para ela, Arembepe é um lugar querido e não existe outro onde moraria. Não consigo pensar na idéia de deixar as praias, os amigos e a lavagem, onde faço parte do cortejo com muito orgulho para continuar a tradição.
Edvirgem Souza de Oliveira vai mostrar toda a beleza das baianas com água de cheiro e flores nos dois quilômetros de caminhada até a igreja de São Francisco de Assis. O cortejo sai sexta-feira (13/03), às 11h, da Volta do Robalo.